|
CRIAÇÃO:
Utilizam-se
vários processos para preparar os pombos que se destinam
a ser jogados na viuvez. Todos têm por base o seguinte:
o pombo viúvo, quando solto, deseja regressar
rapidamente porque o seu amor pelo ninho, pelo pombal,
pela fêmea, está elevado ao maior expoente. Mas, de
todos os processos, há dois primordiais. Consistem, um,
em deixar os futuros viúvos criarem um borracho antes de
começarem a ser jogados, e o outro, em deixar apenas
chocar uma ou duas vezes. As minhas preferências vão
para este último, por dois motivos: primeiro, porque a
criação do borracho obriga a cuidados suplementares,
segundo, porque, não tendo nós praticamente um período
de descanso após a muda, (ou, se o temos, ele é
reduzido a um escasso mês ou mês e meio, para os pombos
mais rápidos a mudar) a criação do borracho obriga a
acasalar muito cedo e isso pode significar o atraso no
crescimento da última rémige. Não incluo aqui a razão
normalmente apontada pelos escritores columbófilos
belgas ou europeus o facto da criação provocar um
aparecimento precoce da muda que virá a constituir
((handicap)) no final da campanha. Entre nós como todos
sabeis, esse risco não é de considerar porque o tempo
mais fresco, em relação ao resto do ano, na altura dos
concursos, permite-nos jogar até ao fim praticamente com
a asa completa ou com uma ou duas rémiges apenas
mudadas. Aconselho, no entanto, àqueles que queiram
iniciar-se no método, principalmente se possuírem uma
equipa jovem que ainda não criou, a tirarem um borracho
antes da viuvez. E isto porque o viúvo deve conhecer
todos os encantos da criação que lhe hão-de dar o
verdadeiro amor ao pombal.
Além destes, os que têm uma colónia
reduzida e não podem ou não querem possuir dois ou
três casais de reprodutores que lhes assegurem o futuro
do pombal, também devem criar antes do jogo, por duas
ordens de razões: a primeira porque nessa época os seus
casais estão frescos e com amplas possibilidades de
fazerem uma criação perfeita; a segunda, porque nunca
sabem as surpresas que lhes trará a campanha e não
sabem inclusive se os seus melhores Pombos não serão
precisamente os que depois de um mau concurso nunca mais
regressarão a casa. Isto na realidade, é muito mais
vulgar do que podem ser levados a supor os novos.
TREINO:
E eis-nos por fim chegados ao momento de vermos como
devemos conduzir os viúvos durante o jogo propriamente
dito.
Através do que acabei de vos ler, já pudestes com
certeza aprender a maneira de agir e preparar os machos
até ao momento em que são separados das fêmeas,
aproximadamente uma semana antes do seu primeiro
encestamento como viúvos. Este deve realizar-se com
tempo limpo e tanto quanto possível quente. O 1º
domingo de viúvos pode significar uma campanha em cheio,
ou pode, se o tempo se apresentar frio e chuvoso,
comprometer tudo quase irremediavelmente. Desta forma
deve proceder-se com a mais rigorosa prudência: Se as
condições atmosféricas se não apresentarem
favoráveis, é preferível deixar os viúvos em casa
mais uma semana, porque estes 8 dias de atraso podem
valer no futuro tudo aquilo a que aspiramos.
Quase cada escritor columbófilo que ataca o problema da
viuvez apresenta um processo diferente dos demais de
tratar os pombos. No fundo, todos se reconduzem a um
mesmo ponto essencial: Os viúvos devem abater a forma no
principio da semana e devem começar, a partir de 3ª ou
4ª feira uma ascensão gradual que vai culminar no cesto
antes da largada. O grande segredo dos maiores campeões
está precisamente no conhecimento, quase intuitivo,
desta grande arte. Eles encestam os seus viúvos num
momento que ainda não é o da forma absoluta e preparam
tudo de maneira a que esta surja quando é mais precisa.
Depois do voo da manhã e da tarde que é livre,
durante 35 a 40 minutos, a ração é servida á vontade
num grande comedouro. Desde que alguns pombos deixem de
comer, o comedouro é retirado. À noite, um pouco
cânhamo como sobremesa.
Analisemos o que ficou dito: O treino é livre, quer
dizer, os viúvos devem voar inteiramente á vontade sem
serem enxotados. Durante a treino, podem fazer o que lhes
apetecer, voar ou ficar simplesmente pousados no telhado.
Também se dividem as opiniões, quanto a esta maneira de
proceder. Eu vou dizer-vos como faço: Um mês e meio, ou
dois meses antes da campanha, começo a soltar
regularmente os meus pombos todos os dias. A principio
só de manhã, mas á medida que se aproximam os treinos
começo também a soltá-los á tarde. Nunca tive
dificuldade para fazer voar os pombos e nunca os
escorracei nem consinto que ninguém o faça. Se noto que
o bando quer pousar chamo imediatamente. Quando a equipa
sobe de forma, normalmente todos voam bem, começando por
um passeio por longe e a grande altura. É até durante a
treino diário que podemos colher alguns sinais muito
úteis sobre a forma dos nossos viúvos. Os que a recebem
mais depressa, geralmente isolam-se do bando, partindo em
disparada numa direcção qualquer e voltando passado um
pouco. Dão uma ou duas voltas ao pombal e tornam a
arrancar como se fossem procurar qualquer coisa de que se
tivessem esquecido. Mas também é interessante notar que
há alguns viúvos em forma que não querem voar, e pelo
contrário preferem pousar no telhado habitual para
brigar com um vizinho ou rolar alegremente. O
columbófilo não tem mais do que observar e estabelecer
depois a ligação que necessariamente existe entre estas
manifestações e os resultados obtidos no Domingo
imediato.
Quanto á distribuição da ração num comedouro comum,
tem a seu favor o argumento de que, mediante a
emulação, a rivalidade, os pombos comem melhor e com
mais entusiasmo. Eu não opto por este processo, conforme
já vos disse. Prefiro alimentar no casulo e os
meus pombos geralmente não perdem o apetite. Esta
maneira de agir tem varias vantagens das quais as maiores
são o facto de evitarmos a contágio, quando algum pombo
traga qualquer doença encoberta do cesto, e a
circunstância de podermos dosear melhor a quantidade a
dar a cada pombo. Vou dizer-vos como procedo: Após a
entrada do treino, fecho os pombos nos casulos e deixo-os
acalmar um pouco. Depois, dou a cada um cerca de 10 favas
ou feverol. Espero que comam. Em seguida distribuo a
ração com uma colher de sopa. Como base, é uma colher
do sopa para cada pombo. Mas claro está, há uns que
comem mais do que outros. Ao fim de pouco tempo já se
conhecem os apetites de cada um e assim se deve graduar a
dose a distribuir.
Quando os pombos começam a sacudir a comida, despejo
imediatamente os comedouros e eles não vêem nem mais um
grão até á refeição seguinte.
É essencial alimentar com sementes grandes no inicio da
campanha e não contemporizar, por nada deste
mundo, com os mais esquisitos que apenas querem as
sementes mais pequenas. Se numa refeição comem
pior, na refeição seguinte encarregam-se de tapar os
furos com que ficaram.
Ao partir para um concurso a fêmea é mostrada
durante 2 minutos.
Vou dar-vos a minha opinião cerca desta resposta:
Na primeira semana de viúvos, na véspera do 1º
encestamento, mando soltar os meus machos a 4 ou 5 km.
Mostro-lhes as fêmeas antes de partirem e quando
regressam mas não consinto que lhes toquem. Procedo
assim com os pombos novos que ainda não voaram como
viúvos. No dia seguinte, antes do encestamento, faço a
mesma coisa aos mesmos pombos. Antes de os mandar mostro
a fêmea por segundos, e á chegada. Na 6ª feira deixo-a
estar ao lado do macho durante uns 10 minutos. No
sábado mal entram e vêem a fêmea, começo logo a
encestá-los. Com os pombos velhos, já rotinados
limito-me a mostrar-lhes as fêmeas por alguns instantes
antes do encestamento. Muito cuidado porém, com estas
aproximações para que não haja nenhum contacto sexual.
Sempre que mostro as fêmeas uns 10 ou 15 minutos antes,
meto os alguidares nos casulos e logo que as retiro,
retiro também os ninhos.
Para o 2º encestamento já prescindo da largada 4 ou 5
km. e no 3º ou 4º concurso deixo até de mostrar a
fêmea antes do encestamento. Limito-me então a pôr os
ninhos nos casulos durante meia hora antes de encestar os
pombos. Esta prática é principalmente muito
recomendável sempre que se trata dum concurso longo ou
com mais do que um dia de cesto. O ninho é normalmente o
bastante para despertar no viúvo o aparecimento da
grande forma que vai acabar de desabrochar dentro do
próprio cesto durante a viagem. Não podemos esperar que
logo de inicio os machos façam entradas fulgurantes ao
domingo mas, logo que tenham compreendido o método e que
tenham entrado na rotina da viuvez, aparecem como
foguetes em frente do pombal e não há nada que os
impeça de entrarem como relâmpagos.
Á chegada duma viagem a fêmea fica livre com o
seu macho durante cerca de uma hora; é preciso contentar
o viúvo e não o impedir de galar a sua fêmea.
Este limite de uma hora, a meu ver, não deve ser
entendido com tal rigidez. Nós devemos deixar a fêmea
com o macho o tempo que entendermos e que deve ser
calculado em função da dureza da prova que ele acabou
de fazer. Se o pombo chega fresco, não o devemos ter
muito tempo com a fêmea porque se esgotará em cópulas
sucessivas; mas se chega mais cansado, já esse perigo
não existe e a sua companheira pode permanecer mais
tempo a seu lado. Isto é até uma espécie de prémio
que lhe damos pelo seu esforço.
Eu nunca levanto a separação do ninho, sem que o macho
coma algumas sementes pequenas que lhe dou (que devem
servir de guloseima e ao mesmo tempo de alimento leve e
refrescante) e sem que beba o que tiver na vontade.
Nada de obscuridade
Este é um dos aspectos da viuvez que mais
preocupa o viuvista estreante e que menos atrapalha os
experimentados.
A escuridão nunca deve ser total. Mesmo no seu máximo,
deve ser sempre possível ler com dificuldade um jornal
dentro do pombal. Utiliza-se este processo como meio para
estabelecer a calma nos viúvos e devo dizer-vos que é
bastante eficaz. Assim, eu faço, a obscuridade no
principio da semana e vou-a diminuindo à medida que se
aproxima o novo encestamento. Tal como o aumento da
quantidade e a melhoria da qualidade da ração
contribuem para o reaparecimento da forma, assim também
o aumento gradual da luz e do sol dentro do pombal
contribuem para o mesmo fim.
Um cuidado a ter com os pombos, quando se faz a
escuridão no pombal, é o seguinte: Antes de os soltar
para os treinos diários (que eu só começo á 3 feira,
sempre com um treino muito pequeno), deve-se abrir as
janelas e deixá-los estar uns dez ou quinze minutos à
espera de se adaptarem á luz e á temperatura que faz no
exterior. Só depois é que se soltam. Eu ainda faço
mais antes de os pôr em liberdade, deixo-os andar
durante esse período à solta dentro do pombal, mesmo
para que vejam que não estão lá dentro as suas fêmeas
e assim partam mais tranquilos em seguida para o treino.
Os viúvos nunca são encerrados nos seus
casulos
Quanto a esta resposta já podeis calcular qual é a
minha opinião. Mas o certo é que parece não ter
nenhuma influência no rendimento da equipa, o facto de
encerrar ou não encerrar os pombos - a acreditar pelo
menos naquilo que tenho lido. E aproveito até para vos
mencionar uma maneira de proceder comum a alguns
columbófilos do Porto, mas que só pode ser utilizada
quando se possuam pombos muito dóceis e bem dominados.
Depois de retirada a fêmea ao domingo, o corpo
de ninhos é
totalmente tapado com uma cortina, contra a qual é
colocado um xadrez onde os viúvos se apressam a retomar
os seus lugares habituais. Pouco antes do novo
encestamento, este xadrez e cortina são retirados e os
pombos regressam ás suas casas. É evidente que este
processo deve despertar um grande entusiasmo nos
concursistas, mas só deve praticar-se com pombos mansos
e bem domesticados, repito-o. Eu já vi um columbófilo
que o praticava e que no final da distribuição da
ração dava aos pombos a água num recipiente que
apresentava, a um por um, no seu próprio poleiro. Os
pombos pareciam encantados pois nenhum se mexia á espera
que chegasse a sua vez. No regresso das viagens
água com glucose, um pouco de dari e milho alvo. Á
noite, igualmente. Na 2ª feira apenas cevada á
descrição.
Mais adiante vos direi como procedo neste dois dias da
semana.
Um banho livre
de água fria todas as 4ª feiras durante todo o
ano. Ponho as minhas dúvidas quanto á acção
benéfica deste banho a meio da semana, na época dos
concursos. Ainda hoje não é pacifica a opinião de que
os pombos devem ser banhados para lhes baixar a forma e
para a fazer subir de novo.
Eu sempre tenho procedido dando um banho morno forçado
após o regresso dos concursos.
Depois do banho, os pombos ficam totalmente mudos e
num repouso absoluto. Nunca deixei de dar este banho ao
domingo, sobe de forma, normalmente todos voam bem,
começando por um passeio por longe e a grande altura. É
até durante o treino diário que podemos colher alguns
sinais muito úteis sobre a forma depois de retirada a
fêmea, ou o mais tarde, à 2ª feira de manhã.
Recomendo-vos que leveis para o pombal uma toalha á qual
deveis limpar bem as mãos depois de banhar cada ave. Se
fordes pegar nos pombos com as mãos húmidas correis o
risco de lhes arrancar algumas penas. É maçador este
banho individual forçado, mas traz resultados óptimos.
Os pombos devem permanecer mergulhados, com a cabeça
apenas fora de água, durante cerca de 1 minuto.
Como ingredientes a utilizar na água do banho, eu uso
durante a muda a água de eucalipto fervida. De tempos a
tempos, de 2 em 2, ou de 3 em 3 meses, um punhado de sal
da cozinha derretido na água do banho. Tanto uma coisa
como outra têm efeito insecticida, mas o sal utilizado
com frequência torna as penas secas e quebradiças.
Durante os concursos utilizo o banho Colman que é
aromático e torna a plumagem macia e sedosa.
Há muitos columbófilos que usam dar um banho frio,
muito rápido nas vésperas ou no próprio dia do
encestamento. Eu também já o fiz mas não creio muito
na sua eficácia.
Aconteceu-me porém numa ocasião, o seguinte: Estávamos
na 6ª feira que antecedia o concurso de cerca de 300
km. Durante toda a semana o tempo tinha estado razoável
mas a 6ª feira apresentou-se fria e húmida.
Soltei os meus viúvos de manhã e daí a pouco, com
desespero vejo desabar uma chuvada fria sobre os meus
pombos. E eles não queriam pousar! Torci as mãos de
desespero e convenci-me de que ia sofrer um desastre
terrível. Pois esse concurso, que se apresentou também
frio e chuvoso foi um dos melhores que tive até hoje.
Teria sido o banho frio da chuva? ...
Houve também um ano em que adoptei o sistema de dar um
banho livre aos meus pombos na 2ª feira de manhã. Mas
desisti ao fim de algumas semanas porque na maior parte
das vezes, os pombos não faziam caso nenhum da banheira.
PROGRAMA SEMANAL:
E agora que julgo ter-vos falado dos mais
importantes aspectos dos cuidados a ter com a
preparação dos pombos, vou dar-vos um exemplo dum
programa semanal para viúvos.
DOMINGO:
Á chegada, com a fêmea já bem alimentada e
excitada, esperando na sua meta do casulo uma ração
ligeira composta por arroz c/ casca e trigo, em parte
iguais, e um pouquinho de linhaça. Como bebida - água
morna com mel. Logo que os pombos bebem, esta bebida é
substituída por água limpa. O mel em permanência no
bebedouro fermenta.
Depois de retirada a fêmea, já com o pombal na
obscuridade, repouso completo. Nota importante: O ideal
é que seja uma pessoa diferente a roubar as fêmeas ao
domingo, mas se tal não for possível, procurai tirar as
fêmeas aproveitando um momento de distracção dos
machos.
Á tarde, entrai rapidamente no pombal para distribuir a
mesma ração da manhã. Depois repouso absoluto.
SEGUNDA-FEIRA:
Nada de soltar os pombos. Banho morno, se este não
foi dado na véspera. Repouso e obscuridade.
Alimentação muito ligeira que pode ser a de domingo,
adicionada com um pouco de pão torrado.
Como bebida, um chá depurativo. De 15 em 15 dias, podeis
juntar a este chá uma colher de café para 2 litros de
água da seguinte mistura de sais que podeis mandar
preparar em qualquer farmácia: 4 partes de bicarbonato
de sódio, 3 partes de sulfato de sódio, 2 de fosfato de
sódio e 1 de citrato de sódio. Ou então, apenas
uma colher de café, para a mesma porção de água, de
bicarbonato de sódio.
TERÇA-FEIRA:
De manhã, metade da ração ligeira e metade ração
normal. Treino muito curto.
Á tarde, ração normal mas em pequena quantidade.
Treino um pouco mais demorado.
Todo o dia, água limpa.
QUARTA-FEIRA:
De manhã, treino normal, ração
normal, mas reduzida. Deveis mesmo habituar-vos a dar 1/3
da ração diária de manhã, e 2/3 á tarde. O voo
também deve ser sempre maior á tarde do que de manhã.
Ao meio-dia, uma ração de verdura. Como bebida,
água com um pouco de fosfato de cálcio e vitaminas.
Á tarde, a mesma coisa.
QUINTA-FEIRA:
Treino normal, ração normal. Na
água, mel glucose e ou açúcar cristalizado, segundo as
vossas preferências.
Notai que a ração, em quantidade, vai aumentando
durante a semana.
Se o encestamento é ao sábado, ainda não deveis abusar
da quantidade, na 5ª feira de manhã. Mas se é á 6ª
feira, já podeis servir comida á vontade
SEXTA-FEIRA:
Treino normal, ração normal. Na água,
vitaminas e mel ou outras substâncias açucaradas. Se os
pombos foram encestados neste dia, não se deve
desejar que comam demasiado na refeição da tarde. É
preferível que vão para o cesto com um pouco de
apetite, para, no sábado, em viagem, serem os primeiros
a dirigir-se ao comedouro. Ao meio dia, legumes variados.
Se for dia de encestamento, mostrar apenas o alguidar
durante um bom bocado aos que vão seguir para concurso.
SÁBADO:
De manhã, último voo e última
refeição. Água limpa como bebida.
Exame ao aspecto geral dos pombos, estado dos olhos, do
interior do bico e das narinas. Desinfecção com
qualquer produto dos habitualmente usados para este fim.
Á tarde, antes de mostrar as fêmeas, se for caso disso
procurar que bebam bem.
<<<<<<< *
>>>>>>>
Agora, só quero para encerrar estas palavras acerca
do tratamento dos viúvos, chamar-vos á atenção para
alguns pormenores que são também muito importantes.
Os pombos devem apresentar-se pelo menos a partir da 3ª
feira, em perfeito estado de saúde e de vivacidade.
Esta, á medida que a semana avança deve ir aumentando
também. O pombo no casulo deve apresentar a cabeça bem
levantada, a plumagem brilhante, sedosa e cerrada, colada
ao corpo. As carnes devem ser rosadas e a pele limpa a
sem escamas. As narinas devem apresentar-se bem brancas,
os olhos cintilantes a as pálpebras secas. O interior do
bico deve estar limpo, sem fios, a garganta rosada. A
abertura da laringe deve ser oval e denotar uma
respiração calma, (esperemos para observar que a
língua descanse na parte de baixo do bico). As patas
devem ser secas e limpas e para o fim da semana não se
devem apresentar frias.
O pombo em forma deve parecer-vos mais gordo, mas esta
gordura é só aparente porque quando lhe pegardes ele
deve dar uma sensação de leveza - todos os seus
músculos estão dilatados e os sacos aéreos cheios de
ar.
As fezes, a partir de 4ª feira devem apresentar-se
redondas, pequenas, a recobertas de branco. De manhã,
devem estar todas num pequeno monte, sinal certo de que o
pombo dormiu descansado. Mesmo á tarde as fezes dos
viúvos não devem estar espalmadas nem espalhadas pelo
casulo - isso significa que eles passaram o dia num vai e
vem contínuo.
E para terminar quero lembrar-vos este preceito
fundamental: um dos segredos do êxito na viuvez consiste
nesta coisa muito simples - ir ao
pombal apenas quando isso é absolutamente indispensável.
* F I M *
|