Como formar uma Colónia ... |
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Nos meus primeiros
tempos de columbófilo, deparei com as mesmas
dificuldades que todas as pessoas encontram quando
começam e, portanto, enquanto são novas na modalidade. Enchia o pombal com pombos que comprava, que me ofereciam e que eu criava, esperava pela imediata campanha, e o cesto encarregava-se de fazer a selecção. As consequências deste principio levaram-me, durante muito tempo, a resultados pouco satisfatórios e, como o vicio foi ganhando raízes, não tive outro remédio senão trabalhar muito para obter aquilo que ambicionava (ter bons pombos e saber tratar deles). Podem desde já fazer-me uma pergunta: - se ninguém ensina o que sabe, se ninguém cede os bons pombos, como conseguiu os seus intentos? Lendo vários livros, trocando algumas impressões com outros amadores e, depois, dentro do meu pombal, fazendo experiências. Dessas experiências, de ano para ano aproveitava aquilo que me parecia bom e eliminava o que me parecia mau. E, só fazendo asneiras e errando mesmo, é que as coisas são aprendidas á nossa custa.! E como a ideia de todos aqueles que começam é ter muitos para aproveitar alguns, eu, não fugindo á regra, fui de principio levado a esse erro. Hoje sou contrário á quantidade e aconselho aqueles que pretendem ser columbófilos a terem poucos pombos mas bons e bem tratados. Um bom começo... 1. O método do estudo: Acumule resultados dos melhores pombos voados na sua área ao nível de Colectividade ou a nível da Federação e obtenha as suas classificações de pelo menos dos dois últimos anos. A informação recolhida indicará definitivamente quais os melhores pombais da sua área bem como os melhores voadores de determinadas distâncias. Arranje uma visita aos pombais dos Columbófilos que possuem estes campeões e saiba mais informações sobre o seu pedigree. Investigue os resultados da família destes excelentes voadores - não somente o pai e a mãe mas a família inteira, ou pelo menos três parentes - irmãos, irmãs, primos, tios, tias - o lote inteiro. Será na maioria destes espécimes voadores onde você poderá considerar eventualmente uma compra. É do senso comum que este custo inicial será excessivo mas, asseguro-lhe, que a despesa será mesmo muito mais elevada se você começar da maneira errada, como eu . Para adquirir um boa raça de voadores não é necessário comprar os campeões que apresentaram as melhores classificações, mas sim pombos da mesma descendência ou linhagem - tios, tias, primos, avós, irmãos e irmãs. O benefício deste investimento, além do factor custo, permite-lhe obter mais pombos deste sangue campeão pelo valor do próprio campeão, e que o colocará numa posição favorável de inicio duma colónia com uma boa linha de reprodutores. Normalmente os pombos são mais adequados para uma ou outra distância específica velocidade, meio fundo ou fundo. Assim, baseado nas estatísticas recolhidas, recomendo fortemente a compra de pombos de outros amadores, com boas classificações sobre a mesma distância. Deste modo terá duas raças diferentes que poderá alinhar e cruzar, evitando assim o cruzamento de pombos do mesmo sangue, até finalmente possuir a sua própria família de voadores. Para começo será provavelmente aconselhável obter pombos de velocidade ou de meio-fundo, e procurar os fundistas mais tarde para quando tiver mais experiência. 2. O método do cesto: Este método é baseado no sistema de testes durante uma campanha desportiva. O princípio utilizado na selecção dos principais Columbófilos bem como o tipo de compra de pombos correios é exactamente o mesmo método descrito anteriormente. A ideia é a compra aproximada de cerca de dez borrachos de um diverso leque dos melhores pombais da sua área, e testá-los você mesmo. Assim, a sua família de voadores será construída de raças diversas, devendo ser avaliados os melhores resultados no final de uma época desportiva e obviamente então adquirir mais pombos da mesma família dos melhores voadores. O benefício deste método é que você saberá quais os pombos que se adaptam melhor ao seu pombal e métodos a utilizar. reprodução
Ouço falar, muitas vezes, que o grande mal está em não acertar com casais de reprodução e que fulano, sicrano, beltrano, etc. têm casais extraordinários e tudo que tiram é bom. Dá-me vontade de rir, mas abstenho-me de fazer comentários!!! Apenas faço uma pergunta á qual gostava que me respondessem com sinceridade: - haverá algum amador que tenha um desses casais que só dá filhos campeões?, Se houver é um felizardo e esse casal é um tesouro; não há dinheiro que o pague!!! Eu tenho tido alguns casais que considero de muito bons, mas me sinto feliz se em cada 8 ou 10 borrachos que tiro numa temporada, conseguir um que eu possa considerar um pombo extra. E é talvez baseado no número escasso que cada casal dá, que a maior parte dos amadores passa a vida á procura duma coisa que nunca consegue. A maneira sincera como exponho este assunto é baseada, não em teoria, mas sim com a prática de muitos anos. E saber, como? Cada ano que me aparecia um desses pombos extra, eu perdia, á volta dele, horas sem conta. De dia, analisava-o á vista. Pegava nele e procurava notar tudo quanto tinha de diferente dos outros que eram piores e mesmo maus; e á noite, ás escuras, procurando ver se lhe notava também qualquer coisa que só pelo tacto pudesse diferenciar. Passei muitas horas, para não dizer anos, para chegar a uma conclusão que, hoje para mim, é quase certa. E, nesta ocasião, já posso dizer a maneira como escolho os meus pombos. Desde que nascem, gosto de ver um desenvolvimento normal, crescendo dia a dia e sempre num bom estado de saúde. Para isso, será preciso ter uma ração bem equilibrada, dou aos pais bastantes calcários e, mesmo aos borrachos, um suplemento vitaminado. Tudo isto contribui para que o borracho se desenvolva bem e fique com um esqueleto forte, que é um dos primeiros sintomas para a selecção. Quando o borracho está grande e começa a voar, há mais duas coisas a que dou uma importância capital: uma, a asa, que terá que ter uma boa décalage (diferença bem pronunciada entre as rémiges primárias e as secundárias); outra, tem que ter a garganta bem serrilhada. 0 facto de ser um pombo grande ou pequeno, alto ou baixo de esterno, não tem grande importancia, embora eu procure escolher um pombo do chamado tamanho médio e, de preferência, baixo de esterno. Gosto de possuir um tipo de pombo homogéneo que, quanto a mim, se adapta bem ao tratamento que lhe fazemos. Portanto, a verdadeira escolha que faço, o que aliás acho difícil de conseguir, é procurar um pombo que tenha uma ossatura muito rija, uma boa frente de peito, uma asa com uma décalage bem pronunciada e a garganta serrilhada. Todo o pombo que tenha estes predicados, dificilmente falha no cesto. Com estas afirmações continuo sujeito a perguntas, como por exemplo: quase, com uma certeza no que diz, porque não tem só pombos campeões? Respondo simplesmente e como atrás já me referi, que esses pombos não caiem do céu e não nascem todos os dias!!! E, então, para se fazer face a uma campanha, há que recorrer aos chamados pombos de 2.a escolha que, umas vezes uns, outras vezes outros, vão defendendo as posições. Antes de entrar em considerações no que diz respeito a tratamentos e maneiras de jogar os pombos, vou dizer como crio os meus borrachos, como lhes faço a muda da pena, enfim, como os preparo até ao momento de os apresentar no cesto para prestar provas... Destino à reprodução pombos que não tenham o mesmo
sangue e escolho-os conforme as características que já
enunciei anteriormente. Dou sempre preferência a pombos
com a mesma cor. Por principio, gosto de experimentar
casais logo ao 1º ano. Quando pretendo tirar borrachos
no
Tenho sempre no pombal duas rações: uma, a ração normal, composta de milho, 4kgs; trigo, 1; Faverol, 1; Ervilha, 0,500; Ervilhaca, 1; Cubos, 1; Arroz s/casca, 0,500; Dári, 0,500; outra, composta por cânhamo, 0,500; colza, 0,400; Dàri, 0,500; Milho alvo, 0,200; Alpista, 0,200; Arroz s/casca, 0,:200 e Linhaça, 0,300. (esta 2ª ração sirvo-a apenas como sobremesa e numa quantidade pequena). Tenho também uma mistura de grit com casca d'ostra (em partes iguais) e que sirvo aos pombos como guloseima. Nunca tenho o grit à disposição dos pombos. No período das criações os Pombos são sôfregos em comê-lo e, em excesso, é prejudicial. Neste período de criação alimento os pombos 3 vezes ao dia. Após as refeições dou-lhes de beber, mas logo que todos tenham bebido, retiro a água. E nesta ocasião, devo dizer, que à 2ª feira dou aos pombos como bebida e durante todo o ano um chá. A maneira como faço este chá é a seguinte: numa cafeteira com água a ferver deito, num litro d'água, uma colher de sopa bem cheia de chá, à qual junto 1 colher das de chá com sal da cozinha. Depois de mexer bem, tapo a cafeteira e deixo em repouso durante 20 minutos. Só então é que passo para outra cafeteira, coando com um pano e acrescento mais 1 litro d'água, para que o chá fique brando. Em seguida sirvo-o aos pombos. À 3ª feira sirvo água todo dia. À 4ª feira junto à água complexo B (Pasteur) na quantidade de 1 colher de sopa por litro e meio d'água. À 5ª feira dou um bocado de mel (1 colher de sopa por litro e meio d'água). À 6ª feira, sábado e domingo, água simples. Aos borrachos, como suplemento dou: ás 3ªs feiras, à noite, 3 gotas a cada um de rimine (Atral); As 5ª feiras, soberana (Colman); aos sábados 2 gotas de Vigantol. Quando os borrachos começam a querer comer, ponho-os no chão bastante tempo durante o dia, para ambientar ao pombal e para que logo que sintam forças, começarem a voar para a janela. Da janela, irão para o exterior o mais cedo possível e nestas circunstâncias as perdas na adução quase nulas. Aproveito para dizer que todo o borracho que voe antes de ter um mês se me afigura esperto e, normalmente um bom voador. À medida que as criações se vão fazendo e borrachos vão voando chega a altura de se declararem os sexos e nessa ocasião começam a fazer a muda da pena. Há conveniência na separação. E falando na muda da pena entro num assunto que considero essencial e que se faz numa época onde uma boa percentagem de amadores ganha mais de 50 % dos prémios da campanha que irá fazer na época seguinte. E ganha como? Tratando os seus pombos com todos os cuidados e acima de tudo, com método. Eu nunca faço tratamento para a muda. Partindo do principio que a natureza deu ao ao pombo a faculdade de mudar a pena uma vez por ano procuro apenas mantê-los num estado de saúde perfeita e com o máximo de higiene. Para isso procuro alimentá-los sempre com sementes de boa qualidade, pombal limpo todos os dias e uma vez por semana, água para o banho onde adiciono os sais de banho Colman. Quando o tempo está de sol, deixo os pombos em liberdade só da parte da manhã; quando chove, não os solto, porque acho que a chuva lhes põe a plumagem em mau estado. Nesta época da muda dou aos pombos, uma vez por semana, verduras variadas (couves, cenouras, agriões, alface, etc.). E quando os pombos estão na quadra das últimas rémiges faço-lhes, durante 15 dias, um tratamento, juntando na água de bebida umas gotas de Licor de Fowler. Normalmente este tratamento começa à volta do dia 20 de Novembro. Como se trata dum produto feito á base de arsénico é preciso cuidado na maneira de o administrar. A partir de meados de Dezembro e se o tempo estiver bastante frio, adiciono à refeição da noite umas gotas de óleo de fígado de bacalhau. Quando se faz esta mistura, convém retirar a linhaça à ração. Costumo dar o óleo de fígado de bacalhau, à volta de 12 dias. Após isto, estamos quase chegados ao fim do ano e portanto começo doutro e, nesta ocasião, com os pombos já mudados, pensa-se na campanha que começará dentro em pouco. Costumo ainda fazer outro tratamento antes de acasalar os pombos. A meados de Janeiro dou um depurativo aos pombos, formado por água, 1/2 litro; iodeto de sódio, 5 gramas; iodeto de potássio, 5 gramas (durante 20 dias, em dias alternados, 1 colher de sopa por litro d'água). Isto equivale a dar esta bebida 10 dias, servindo-a dia-sim, dia-não. ** FIM ** |
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